Operação Overlord mira grupo nazista com atuação em Minas e São Paulo

Uma ação conjunta das polícias civis de Minas Gerais (PCMG) e do Estado de São Paulo (PCESP), desencadeada na manhã desta quarta-feira (18/6), resultou na prisão preventiva de cinco homens, com idades entre 18 e 20 anos. A operação, intitulada Overlord, teve como alvo uma célula neonazista atuante nos dois estados.
No curso dos trabalhos policiais, ainda foram cumpridas cinco ordens de busca e apreensão nas cidades mineiras de Nova Lima e Poços de Caldas, além de Campinas, interior paulista.
Os suspeitos foram presos por organização criminosa e pelo crime previsto no artigo 20, parágrafo 1º, da Lei 7.716/89, que define como crime “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” e “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
Durante cumprimento de mandado contra o suspeito residente em São Paulo, os policiais encontraram com ele conteúdo de pornografia infantil nos seus dispositivos, motivo pelo qual ele também foi autuado em flagrante por esse crime.
Apreensões
As buscas resultaram na apreensão de vasto material, incluindo diversas armas brancas (facas, machadinha, canivetes, espadas), socos-ingleses, tcheco, balestras (arco e flecha), barraca de acampamento, spray de pichação, fardamento paramilitar, algemas, arma de airsoft e isqueiros em formato de granada de mão. Os policiais também apreenderam dispositivos informáticos, como celulares, computadores, pen drives, videogame e máquinas digitais.
Além desses itens, nos endereços alvos das buscas, foram encontrados livros com temáticas militares, sobre Adolf Hitler e armas de fogo, assim como caderno com anotações de símbolos nazistas (suástica) e emblema contendo o retrato falado de Theodore Kaczinsky (terrorista norte-americano preso por matar diversas pessoas com envio de cartas bomba).
Na mira da polícia
As investigações tiveram início em dezembro de 2023, após informações repassadas pela Homeland Security Investigations – da embaixada dos Estados Unidos da América em Brasília. Na ocasião, foi informado o envolvimento de indivíduos em uma rede social veiculando discursos neonazistas, supremacistas e de ódio contra grupos marginalizados, bem como a intenção de possíveis atos de violência.
A operação de hoje decorre de investigações realizadas após a prisão preventiva do suspeito de liderar a célula nazista em Belo Horizonte, um homem de 20 anos. Ele é apontado como responsável por coordenar a atuação dos comparsas nos demais municípios, organizando e planejando ações de inteligência e contrainteligência.
Ação criminosa
A célula investigada estaria envolvida em atos de apologia ao nazismo na internet, discriminação de grupos minoritários e discursos de ódio. Além disso, realizavam atos extremistas nos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Poços de Caldas e Campinas, com a pichação de emblemas nazistas em edificações, veiculação de cartazes antissemitas, enfrentamento e agressões de grupos minoritários, como a população LGBTQIA+ e os chamados antifas (denominação dada pelos investigados ao grupo de pessoas que se opunham ao fascismo).
Ainda segundo apurado, alguns integrantes da célula neonazista buscavam angariar capital para subsidiar suas ações, tanto pelo comércio virtual de emblemas neonazistas, gerados por impressoras 3D, como por meio do tráfico de drogas.
Overlord
O nome da ação policial faz referência à denominação da operação oficial de invasão da Normandia, liderada pelos Aliados, em 1944, e que impôs significativa derrota das tropas de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, representando ofensiva decisiva contra o regime nazista.
As apurações prosseguem, sobretudo para a análise do material apreendido nessa fase da investigação.